“Havia muito sofrimento esperando ser resgatado por nós. Por isso, era também necessário olhar de frente a situação, a avalanche de sofrimento, apesar do perigo de alguém “amolecer” e, quem sabe, em segredo deixar as lágrimas correr livremente. Não precisaria envergonhar-se dessas lágrimas. Eram o penhor de ele ter a maior das coragens – a coragem de sofrer. Mas pouquíssimos sabiam disso, e só envergonhados admitiam ter-se extravasado em lágrimas. Certa vez perguntei a um companheiro como fizera desaparecer os seus edemas de fome, ao que ele confessou: “Curei-os chorando...”
Viktor E. Frankl – Em Busca de Sentido
Chove na cidade nesse momento. Meu sofrimento por estar longe de você salta no meu peito. Quero estar com você, quero te encontrar, mesmo que seja apenas para te ver, para te olhar, sentir que você ainda está aí.
Me desculpe, não quero negar o que eu sinto, mas preciso ficar sozinho por mais tempo, preciso não te encontrar. Preciso crescer, aprender com o meu sofrimento, vivê-lo, compreendê-lo, olhar para ele.
Queria aproveitar a chuva lavar o meu sofrimento, tirá-lo de mim, assim como se tira lama do corpo e aplacar esse calor sufocante.