domingo, 25 de outubro de 2009

Nascer


Sonhos inúmeros, trabalho árduo, objetivo pontual: me formar, correria, amizades, afetos. Vida flutante, inconstante, vazia, preenchida, substituições, nova vida, desejo de partir.

Essas são idéias, palavras, pensamentos que tem permeado este Ser há um certo tempo. Tem sido muito difícil escrever, não sei sobre o que escrever, talvez isso me mostre como estou meio perdido. Até tenho idéias, mas elas se diluem juntamente com a emoção que sinto quando penso em escrever.

Então, acho que será relevante se conseguir dizer pelo menos como tenho me sentido ultimamente e como me sinto hoje, especificamente hoje.

Hoje foi um domingo bem típico dos domingos em minha vida. Em decorrência de ter ido dormir de madrugada, acordei às 15h30 e desde esse horário não fiz porra nenhuma a não ser permanecer no computador. O que também me angustia. Estou cheio de coisas para fazer, porém sem vontade nenhuma. Ou seja, hoje eu sou um morto social, fechado nessa casa que mais parece uma prisão juntamente com uma família de mentiras. Meus pais não se falam, não se olham, não dormem na mesma cama há 3 meses. E eu? Eu to pouco me fudendo, quero que se explodam. As vezes acho que esse meu pensamento é uma mentira também, mas acho que é a maneira que tenho para me “proteger”. Minha mãe está doente e pra variar depressiva, tenho tentado não me preocupar, mas tem sido difícil.

Tenho muito pensado sobre o quanto não tenho me permitido sentir as coisas. Vivo os momentos intensamente, eu acho, mas ainda assim não sinto as coisas, os dias passam e minha postura diante das situações é apática, a não ser por risos soltos com momentos corriqueiros e muita raiva frente a algumas frustrações. Porém, não tenho me permitido sofrer. Ignoro os fatos e acredito, de maneira falseada, que tudo já passou e que vou viver uma vida nova. Mas ainda estou aqui, não muito contente com a vida nova que tenho levado, porém ainda estou buscando.

Preciso chorar, preciso soltar os demônios que estão dentro de mim, me assustando e me fazendo sentir indefeso, como um amigo mesmo havia me dito há meses atrás, preciso encarar esses fantasmas. Mas está difícil.

Tenho assistido, a um seriado que gosto muito chamado Grey’s Anatomy. É bem depressivo e somente quando o assisto choro, com as situações que se passam, porém tudo isso remete ao meu próprio sofrimento. Nestes dias falavam de Kubler-Ross e sua teoria sobre o luto. Me vi em todas as situações e fases, porém a da aceitação ainda não chegou e eu anseio por ela a cada instante. Me sinto no período depressivo, estou um tanto quanto alheio daquilo que ocorre a minha volta, no FODA-SE. E sei que isso me soa falso demais.

Além deste num outro dia, assisti o filme na Natureza Selvagem e agora começo a lembrar e achar que o FODA-SE faz mais sentido. Quero me desvincular de toda a minha vida. Quero sair de casa e irei sair no próximo ano. Quero escrever outra história, longe de “todos” que não me permitem caminhar. Por outro lado acho que estou fugindo, mas talvez essa seja uma opção, fugir.

Existem momentos que eu acho que o Luiz, que eu era até o final do ano passado morreu. Por isso, como eu digo sou um morto social. Sinto que ainda não existo de novo. Houveram e ainda existem momentos em que acredito que estou em gestação, contudo em outros momentos sinto que meu coração parou de bater ou o cérebro parou de funcionar e apenas o corpo existe, até a hora em que sinto novamente o meu coração e a cabeça funcionando. Quem disse que uma gestação é algo fácil? A minha não tem sido, sobretudo, por que não tenho mãe me nutrindo, eu mesmo preciso me nutrir, seja do mundo ou das novidades que estão a minha volta, porém nem tudo que como me faz bem. Preciso nascer, porém ainda não sei quando, muito menos onde. Mas espero que seja muito em breve.